Covid-19. Regresso às aulas sem máscaras

A um mês do arranque do ano letivo, o Ministério da Educação não antecipa recuo nas regras que vigoraram no final do ano letivo. DGS não se pronunciou.

A um mês do regresso às aulas, o Ministério da Educação não antecipa um recuo nas medidas covid-19 nas escolas, onde o uso de máscara foi levantado no final de abril. Questionado pelo i, o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues remeteu para a posição ontem noticiada pelo jornal Público, que dá conta de que “no contexto atual, a abordagem aos casos de suspeita ou confirmação de infeção por SARS-CoV-2 é implementada através das medidas e ações constantes na Norma 004/2020, cuja última atualização data de 06/07/2022. Deste modo, não existem medidas específicas para as escolas, e de acordo com as orientações da DGS, compete a cada um o cumprimento de medidas não farmacológicas de prevenção da infeção na perspetiva de saúde pública”, indicou a tutela ao diário, salientando que o Ministério da Educação e a DGS estão em permanente articulação “no sentido de aplicar quaisquer outras medidas que venham a se determinadas, fruto da evolução da pandemia.”

A Direção Geral da Saúde ainda não se pronunciou sobre o regresso às aulas e ontem questionada pelo i sobre se está a ser ponderada por exemplo a chamada de professores mais velhos para uma quarta da dose da vacina numa fase prioritária, não emitiu resposta. 

Na semana passada, foi noticiado que a DGS está a planear a administração da quarta dose da vacina para grupos mais vulneráveis a partir de 5 de setembro, não estando ainda clarificado como vai decorrer esta nova etapa da vacinação. A quarta dose foi antecipada em maio para idosos com mais de 80 anos, embora tendo havido uma adesão mais baixa do que até aqui. Entretanto as autoridades de saúde europeias recomendaram, em julho, a quarta dose da vacina a partir dos 60 anos de idade.

Sem um plano geral ainda conhecido, no último conselho de ministros que prolongou a situação de alerta devido à covid-19 e medidas como o uso de máscaras em transportes e estabelecimentos de saúde até ao final de agosto, a ministra da Presidência admitiu que, com a chegada do outono e inverno, é possível “que ocorra um agravamento da pandemia que possa tornar necessário o recurso a medidas adicionais”. Mariana Vieira da Silva reforçou que a partir de setembro inicia-se uma nova fase de reforço da vacinação contra a covid-19 e disse que haverá, a partir dessa altura, um “acompanhamento muito próximo” por parte das autoridades da evolução da situação epidemiológica para avaliar a necessidade de mais medidas. 

Um novo enfoque na covid-19 que de resto começa a emergir noutros países do hemisfério norte a caminho do terceiro inverno da pandemia. A Alemanha apresentou na semana passada o seu plano (ver ao lado) e no Reino Unido já foi anunciado o reforço vacinal para maiores de 50 anos no outono. Nos Estados Unidos, Anthony Fauci, rosto da resposta à pandemia no país e atualmente conselheiro médico da administração Biden, tem sido perentório: “Se não forem vacinados ou não fizerem o reforço, vão ter problemas”, afirmou na semana passada.

O que se prevê Com o regresso a espaços fechados e a chegada de tempo mais frio, prevê-se que o vírus, que tem mostrado ainda assim pouca sazonalidade, volte a ter condições mais propícias para circular com maior intensidade. Por outro lado, o barómetro do inverno australiano parece ser de um pico mais rápido de infeções, dada a elevada contagiosidade das subvariantes BA.4/BA.5 – como se espalha muito rapidamente, na maioria das vezes com sintomas ligeiros, a população suscetível para ser infetada é-o mais rapidamente. Ainda assim, mais infeções trazem mais pressão sobre os serviços de saúde e mais pessoas em isolamento ou de baixa, o que no último inverno motivou recordes de absentismo.

Atualmente em Portugal a regra é de isolamento por cinco dias no caso de pessoas com infeção assintomática ou doença ligeira, desde que a pessoa, quando doente, já não tenha febre, sendo a partir daí recomendado o uso de máscara por mais cinco dias. Já os contactos de infetados deixaram de ter de fazer isolamento no final de fevereiro mediante teste negativo e vacinação completa, o que não incluiu até aqui ter reforço.

Esta segunda-feira o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e a Direção-geral da Saúde anunciaram resultados de um estudo epidemiológico sobre a efetividade da vacina contra a covid-19, comparando o risco de infeção e de hospitalização pelas linhagens BA.2 e BA.5 da variante Omicron do vírus SARS-CoV-2, que dominou os últimos meses. Concluíram que apesar de a efetividade ser menor, as atuais vacinas continuaram a prevenir “substancialmente” as consequências mais graves da infeção, com uma redução de 77% do risco de hospitalização entre vacinados infetados com BA.5 e uma redução de 88% no risco de morte.