André Ventura: “Há 1% de hipótese de viabilizar um Governo do PSD sem o Chega”

Em público, muitos fogem dele, mas um futuro governo à direita dificilmente existirá sem André Ventura. É no que acredita o líder do Chega.

por Vítor Rainho e Joana Mourão Carvalho

É difícil associar o político que esbraceja, que grita, que é acusado de ser racista e xenófobo e que adora provocar na Assembleia da República com o personagem que se senta à nossa frente no restaurante. Calmo, com sentido de humor, revela uma acutilância invulgar. Num momento em que tanto se discute o papel do Chega num hipotético futuro governo de direita, em 2026, aqui fica a visão de André Ventura.

 

O que acha da divisão do PSD em relação ao Chega?

Não é nada que eu não esperasse, ou seja, esta é uma divisão que eu antevia. Conheço bem o PSD e acho que era uma divisão expectável. Mas, ao mesmo tempo, aliás, era a divisão possível porque o partido já percebeu que se quer chegar ao poder, se quer ser uma alternativa, vai ter que se aproximar do Chega. Essa aproximação não é apenas uma aproximação institucional. Não é: vamos lá falar e ver se formamos um governo. É um aproximar de posições políticas porque se não não faz sentido haver um governo só porque as pessoas querem, mas que não tem nenhuma uma aproximação política. Acho que Luís Montenegro já percebeu isso e já está a trabalhar nessa aproximação. As sondagens não deixam dúvidas. Penso que até vão sair mais esta semana, ou na próxima, e que mostram o que é inevitável, que a maioria de direita poderá ter mais membros, mas traz dois eixos fundamentais, que é o PSD e o Chega. Portanto, só há uma hipótese: ou temos governo, ou não temos governo.

Mas quem é que vai ganhar essa luta no PSD? São aqueles que querem uma cerca sanitária em relação ao Chega ou aqueles que acham que podem fazer algum tipo de acordo com o Chega?

Honestamente, eles é que decidem, mas eu acho que os outros não têm hipótese nenhuma. Quando digo os outros, refiro-me aos que defendem uma cerca absoluta, porque é defender que o PSD deve ficar arredado do poder durante a próxima década, provavelmente. Eles não se aproximam de nós porque acham que estão a mudar politicamente ou porque gostam muito de nós. É porque sentem que neste momento somos o único instrumento que lhes pode fazer chegar ao poder como alternativa. Aquela margem no PSD que não quer isso o que quer? Quer ficar na oposição para sempre? Ou ainda sonha com maiorias absolutas do tempo do Cavaco Silva? Esse tempo morreu, acabou. Esse tempo já não volta.

Vamos admitir que o PSD ganha e precisa dos vossos votos. Aceita entrar numa geringonça em que o Chega dê apoio parlamentar?

Não. A situação dos Açores foi má para nós. Aprendemos a lição, ou seja, entramos para o governo dos Açores com esta expectativa: podemos mudar alguma coisa, vamos fazer a diferença. A única diferença que estamos a fazer é pontual, com muita insistência e com muita resistência do PSD, porque não temos ministro, não temos secretários regionais. Isso para nós foi uma lição. Não voltamos a participar em geringonças. Só faremos oposição ou governo. Não seremos outra coisa. Não há aqui terceiras hipóteses da nossa parte.

Então, preferem não viabilizar um governo de direita e dizer à esquerda para voltar.

Não vemos as coisas como direita e esquerda. Vemos as coisas entre haver um governo que efetivamente vai implementar estas bandeiras ou não, seja ele do PSD ou do PS. Nos anos de Governo PSD, que mudanças e reformas que nós defendemos e que o país precisava foram feitas? Zero. O PSD às vezes foi pior que o PS. Portanto, quando perguntam: então o que é que fazem? Apoiam o governo do PSD? Bom, isso tem que ser decidido na altura, dependendo do programa que eles apresentarem, dos ministros que eles apresentarem. Se não houver governo com o Chega, o Chega não se compromete a apoiar nenhum governo. Não vou estar agora a dizer se chumbamos ou não se nem sequer sei qual é o governo.

Acabou de dizer que muitas vezes o PSD foi pior que o PS. Então, como é que admite fazer uma coligação com o PSD?

Porque acredito que o PSD foi aprendendo também com os erros. Tivemos governos que apesar de tudo foram mais reformistas, como o de Passos Coelho. Acredito que Luís Montenegro é diferente de Rui Rio. Com Rui Rio esta seria uma situação mais difícil. Acho que Montenegro percebeu duas coisas: que tem de governar à direita se quer governar de todo e tem que fazer algumas reformas. Aliás, ouvi Montenegro no congresso dos Trabalhadores Sociais-Democratas dizer uma coisa que eu digo há anos, que não podemos continuar a ter um país em que quem trabalha leva para casa menos do que quem não trabalha. Isso é um sinal positivo. É algo que nunca ouviria certamente do PS. Portanto, há aqui caminho para fazer. Mas o PSD para ter governo connosco ainda vai ter que mudar e evoluir muito.

Já disse que quer o MAI, a Justiça, a Educação, a Agricultura e a Segurança Social. É capaz de dizer um nome sem ser André Ventura para esses cargos todos?

Primeiro, os ministros não têm necessariamente que ser as caras que as pessoas hoje conhecem do Chega. Podem ser caras da sociedade civil que têm feito reformas nessas áreas e que nós reconhecemos. Porém, e com isto não estou a dizer que serão ministros, mas temos nomes que têm trabalhado, por exemplo Pedro Frazão na Agricultura. Conhece bem o mundo rural nacional, é nosso deputado por Santarém, distrito que está muito ligado à agricultura e com um trabalho enorme feito na Comissão de Agricultura. O Chega tem nomes muito qualificados.

Mas há mais nomes?

Há muitos.

E que aceitavam ser ministros pelo Chega?

Bom, teria que falar com essas pessoas evidentemente. No caso de Pedro Frazão penso que aceitaria, apesar de nunca ter falado com ele sobre isto. Só irei pensar num governo quando esse momento chegar. Mas acho que há nomes dispostos a isso, não só do Chega como da sociedade civil, pessoas que fizeram reformas, despidas dos partidos políticos, e outras obviamente ligadas ao Chega.

Mas consegue dizer mais algum nome além de Pedro Frazão?

Acho que a Rita Matias é uma estrela em ascensão. Pode vir a ser uma das caras da Juventude ou do Desporto. Também temos um gabinete de estudos com imensa gente, na área do Direito, da Economia e da Administração Interna. O professor Gabriel Mithá Ribeiro tem feito um trabalho incrível ao nível da Educação e da reforma da Educação. Nomes é o que não nos vai faltar quando chegar o tempo de formar governo.

Está convicto que isso vai acontecer?

Eu não sou um otimista irritante. Eu disse, na semana passada no Parlamento, que cortaria a mão direita se o PS voltar a ganhar as eleições. Obviamente a imagem é exagerada, mas o que quero dizer com isto é que não me parece, e acho que é assim para qualquer um de nós que aqui está que faz um pouco de trabalho de análise de política, que não é razoável que o PS ganhe nas próximas eleições. Pode acontecer, mas não é razoável. Se não é razoável que PS ganhe as próximas eleições, quem é que é razoável que ganhe? O bloco da direita. Se me perguntar se é provável neste momento que o Chega tenha mais votos que o PSD e lidere o governo, digo-lhe que não. De outra forma, não estava a ser realista. Agora, esse é o meu objetivo. É por isso que vou lutar. Neste momento, o Chega está com cerca de 15% e o PSD com 30%. É muito dizem alguns. Bom, mas há quatro anos estávamos com 0%. Hoje estamos com cerca de 15%, tal como mostram as sondagens. Portanto, é possível superar o PSD até as próximas eleições. Vai ser difícil, mas acho que é possível. O caso de Itália é o exemplo disso. No dia em que me encontrei com a Giorgia Meloni em Madrid, ela tinha 4% dos votos e acabou com 25%. É possível. A Europa está a mudar muito. O cenário político está a desagregar-se de forma muito rápida e o PSD, como se vê no Parlamento, o que não faz é oposição. Anda ali perdido entre o Chega e o PS, sem saber bem o que há de fazer. É realista? Não sei. Vamos lutar para isso? Vamos. Agora, há uma coisa que podem ter a certeza, o próximo governo vai ter que ter dois eixos, PSD e Chega. Seja um em maioria e outro em minoria, não há outra hipótese. Nem o maior milagreiro do mundo conseguia dar uma maioria ao PSD em eleições neste momento. Nem mesmo o regresso de Pedro Passos Coelho, que dizem que vai voltar. Nem isso daria uma maioria absoluta ao PSD.

Há quem defenda uma solução que é, no caso de haver uma maioria de direita, o primeiro-ministro seria Passos Coelho e os líderes do PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS não iriam para o Governo e continuariam com a sua atividade política e partidária. Já ouviu falar desta hipótese?

Já. Parece-me bizarro que nenhum dos líderes dos partidos estaria num governo e estivessem a fazer braço estendido no Parlamento. Um governo de salvação nacional desse género não se encaixa no nosso sistema político. Cavaco Silva deixou claro a Pedro Passos Coelho, quando houve o episódio do irrevogável de Paulo Portas, que, se deixasse de haver a presença do líder do CDS no governo, o governo caía naquele momento. Não é tradição no nosso sistema os líderes partidários não estarem no governo. Aliás, tem sido uma exigência da solidez do governo, portanto, não me parece razoável uma solução em que alguém esteja no governo e os outros estejam a apoiar no Parlamento. Com isto, não estou a dizer que num cenário hipotético de salvação nacional isso não fosse possível. O Chega, certamente, se essa fosse a única solução, não viraria a cara ao país. Agora não é uma solução razoável no nosso sistema político.

Agora, deixou-me um pouco confuso. Já disse que não viabiliza ninguém sem ir para o governo. Agora, num cenário de salvação nacional, já era capaz.

Não disse que não viabilizaria ninguém. O que disse é que não nos comprometemos. Ou seja, não há nenhum compromisso. Vamos ver caso a caso. Não mandamos governos abaixo só porque sim. Olhamos para o programa, para os ministros e tomamos uma decisão. Se for uma coligação, comprometemo-nos e assinamos a dizer que vamos votar a favor. Se não, temos que ver caso a caso.

Mas isso não é uma geringonça? Ou seja, vocês olham para o programa e dizem que vão votar a favor e não precisam de ir para o governo.

Não, porque aí não há acordo nenhum, nem exigências nenhumas. Aí viabilizamos porque entendemos que é melhor para o país viabilizar.

Então admite essa hipótese.

Sim, mas isso também admitia aos outros governos todos do passado. Não é uma geringonça, porque aí há um acordo e há compromissos. Aqui não há. Isto tem que ficar muito claro. Se o Chega não fizer parte do governo, o compromisso com o governo é zero. Aí, decidimos caso a caso, orçamento a orçamento. Tal como fizemos com o PS, com quem não temos acordo nenhum. Neste caso, votamos sempre contra.

Não votava contra um governo PSD?

Podia votar, se fosse um mau governo com um mau programa. Mesmo que isso provocasse a queda do governo. Se me perguntar se tenho medo de mandar abaixo um governo PSD e que eles depois ganhem uma maioria absoluta ou que o PS volte ao poder, mandava abaixo na mesma. Se for mau para o país, não tenha dúvidas.

Mas se achar que não é mau, não manda abaixo.

Se o partido achar que é a hipótese razoável. Temos que olhar para os votos. Se o PSD tiver 35% e nós tivermos 15%, eles é que têm de governar, não somos nós. O país é que decide, o povo é soberano.

Mas admite em última instância viabilizar o governo?

Admito. Sendo que a probabilidade de isso acontecer é de 0% a 1%. Mas coloco essa possibilidade teórica.

O CDS teve mais 89 mil votos nas últimas legislativas. Nuno Melo vai conseguir manter esse eleitorado ou, eventualmente, aumentá-lo para conseguir eleger um deputado?

Acho que não. Não é o que desejo. Mas acho que é difícil. Também a posição de Nuno Melo é muito ingrata, porque é um partido que não tem agora presença. Que se habituou a ter uma presença institucional e deixou de ter. Isto deve ser duro. O Chega não teve essa experiência. Espero que nunca tenha. Além disso, o CDS tem agora uma oposição à direita, uma presença no Parlamento muito mais agressiva, muito mais intensa, do que o CDS fazia. Com naturalidade, os eleitores do CDS transitam para o Chega. Tenho encontrado isso pelo país todo. Quando vejo estas sondagens de 0%, primeiro, acho que isso não se menciona numa sondagem. É 0%, não aparece. Há outros partidos com 0% que não aparecem. Segundo, não me admira que os resultados andem próximos disso. Não porque o CDS tenha perdido os seus valores ou as suas ideias. É difícil dizer isto, mas o CDS foi completamente engolido pelo Chega. Tenho a certeza que 99% dos militantes, das estruturas, estão, neste momento, no Chega, nas várias estruturas distritais. Durante anos, o Chega foi alimentado sobretudo por militantes, como eu, do PSD. Hoje, por todo o lado onde vou, pergunto às pessoas o que faziam antes de ser da estrutura do Chega da Covilhã ou de Benavente e a resposta que ouço é: eu era do CDS.

Não é um pouco esquizofrénico concluir que tanto foi buscar ao CDS como, por exemplo, ao PCP no Alentejo?

São eleitorados muito diferentes. Não sei números. Não me parece que o CDS alguma vez tenha tido alguma presença no Alentejo. Não há lá uma militância do CDS, tirando algumas famílias, não há uma militância do CDS. Nós fomos buscar no Alentejo uma militância que era PCP, porque são conservadores nos valores e desencantaram-se com a forma de fazer política do PCP com o passar dos anos. Isso é um fenómeno localizado no Alentejo e um pouco no Algarve. Mesmo em Setúbal, que é um dos nossos distritos mais fortes, penso que não vamos buscar muitos comunistas. Já do CDS é por todo o lado. Dizem-me ‘eu votava no CDS, eu fui da campanha do Basílio Horta’. Ouvimos isto a toda a hora. É um sinal de que o CDS foi engolido completamente pelo Chega. Ou seja, o CDS não perdeu os valores. As pessoas identificam-se mais com o Chega, porque é um CDS muito mais forte. Portanto, a posição de Nuno Melo não é nada fácil, mas isso não tem nada a ver com ele, porque é uma pessoa cheia de qualidade e com imenso dinamismo. Num contexto normal, Nuno Melo seria o melhor líder para o CDS.

Porque é que o comum dos mortais quando liga a televisão, só vê praticamente André Ventura a falar na Assembleia da República.

Há também alguma responsabilidade dos meios de comunicação social televisivos. O Chega decidiu ir à Mouraria, na semana passada, por causa dos imigrantes. Ao contrário do que é habitual, o líder do partido decidiu não ir. E decidiu que seria o vice-presidente da bancada com o deputado por Lisboa. Sabe que meios de comunicação social apareceram? Zero, apenas foi a Lusa. Ontem, fui a Loures e foram todos. Há aqui uma cultura que algumas televisões querem passar que isto é  um espetáculo de uma pessoa só. No fundo, acho que muitos que definem as linhas editoriais de algumas televisões pensam que o André Ventura no país todo as pessoas sabem quem ele é. Vamos evitar que outras pessoas do partido apareçam e mostrem que o Chega é um partido credível e com alternativas. Temos sentido muito isso na pele.

Quando anuncia que se vai recandidatar à Presidência da República, não está a dizer efetivamente que isto é um one man show?

Não, estou a dizer que há dois contextos. Há um contexto em que estava Paulo Portas na corrida, e um contexto em que Paulo Portas sai da corrida.

Portanto, se Paulo Portas avançasse, não se candidatava?

Penso que com a decisão da Mota-Engil ficou de fora essa hipótese. Se Paulo Portas se candidatasse, para o Chega ficaria muito mais difícil avançar com uma candidatura. Esse espaço ficaria muito mais espartilhado. Com Marques Mendes já não se coloca essa situação.

E se for Passos Coelho a avançar?

Tenho que ponderar. Obviamente é uma candidatura de grande peso. Não quero ser nunca um obstáculo a que a direita vença as eleições presidenciais. Isso tem que ser ponderado.

Mas tem consciência que não vai ganhar as presidenciais?

Se me candidatar vou lutar por isso.

E se Marques Mendes avançar?

Marque Mendes também já disse que está fora da corrida. Penso que não avançará.

Acha mesmo?

Acho, não porque ele não queira, mas porque começa a perceber que o espaço é muito curto do ponto de vista eleitoral. Marques Mendes tem muito a arriscar, porque ele não tem um partido onde vai fixar eleitorado. O PSD, no dia a seguir, segue a vida normal. A questão do Almirante pode ser aqui um dado que ele não tinha equacionado quando pensou em se candidatar pela primeira vez. E a minha eventual presença ou a de Pedro Passos Coelho nesta luta retira-lhe muita margem de votos à direita. É evidente que ele quer. No meio mais restrito, toda a gente sabe que ele quer, mas também os que o conhecem melhor sabem que ele só avançaria num cenário de polarização direita e esquerda. Ora, com todos estes nomes em cima da mesa, não me parece que Marques Mendes avance. Estamos a falar do Almirante, de eu poder avançar ou não no espaço mais à direita, ou Paulo Portas poder avançar também à direita, e ainda Pedro Passos Coelho.

Mas se Pedro Passos Coelho avançar, já não avança.

Eu não disse que não avançava, disse que tinha de ponderar. Aí, o Chega teria que ter uma conversa com Passos Coelho e ver o cenário em que a Presidência se ia exercer no espaço institucional de colaboração, porque esperamos nesse momento, quando chegarem as eleições presidenciais, que o Chega já faça parte do governo. Isso pode mudar tudo aqui. Imaginemos que chegamos às presidenciais em 2026 e estão no governo o PSD e o Chega que formam uma maioria governamental. Faz sentido haver um candidato presidencial de cada partido ou candidatos espartilhados no espaço à direita? É isso que temos de pensar, que temos que ponderar. Não vamos deixar que Santos Silva ganhe as eleições presidenciais, por andarmos todos divididos.

Tem alguma admiração pessoal por Paulo Portas?

Não é admiração pessoal, porque não o conheço. Mas, além de ser uma figura com muita maturidade, galvanizou durante muitos anos o espaço do centro e da direita. Faz sentido uma candidatura de André Ventura e de Paulo Portas na mesma eleição? Vamos fazer mal aos dois, ao nosso eleitorado. Isto entronca naquilo que disse há pouco, nós engolimos aquele eleitorado. Faz sentido dar duas referências ao eleitorado em vez de uma?

Mas se vocês engoliram esse eleitorado, não é Paulo Portas que vai roubar ao Chega. É o Chega que vai roubar a Paulo Portas.

Essa é uma das razões pelas quais eu acho que Portas não quer avançar. Já não tem uma base de apoio para avançar. Só iria com uma base do PSD. E nem que Cristo descesse à terra, o PSD iria apoiar Paulo Portas, como disse um dia Marcelo Rebelo de Sousa.

Por que razão não se candidata às europeias? É quase o João Ferreira do PCP, vai a todas.

Há uma grande diferença. João Ferreira não é líder do PCP e eu sou líder do Chega. Eu diria que sou o líder da oposição. Ninguém ia compreender que eu decidisse ir para a Europa num momento destes. Não sei se João Cotrim de Figueiredo se vai candidatar ou não, acho mal se o fizer. A mensagem que passamos ao eleitorado de que queremos um tacho em Bruxelas, para deixarmos de fazer o nosso trabalho em Portugal é a pior mensagem que podemos passar. Então, neste momento, em que o  Chega está a crescer, em que nos implantamos no Parlamento como terceira força política, em que pode haver eleições a qualquer momento, e eu dizer às pessoas que vou para Bruxelas ou Estrasburgo fazer política, acho que dava uma péssima imagem de mim. Não sou assim, não vou fazer isso. Mas posso dizer uma coisa. O Chega vai ter nestas eleições europeias o melhor resultado da sua história. Vai ter mais que 12%, que foi o meu resultado nas presidenciais.

Mas já têm algum candidato definido?

Não, não está ainda nenhum nome definido.

 

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