Passos Coelho não tem dúvidas da forma como Mário Centeno se envolveu “numa trapalhada muito grande”, “criando uma legislação à medida” que permitia a António Domingues e a sua equipa escaparem à obrigatoriedade de apresentar declarações de rendimento – de uma forma que só não se concretizou porque não foi revogada uma lei de 1983 que obrigava à apresentação dessas mesmas declarações.
E não foram as explicações do ministro das Finanças, que ontem falou aos jornalistas durante mais de uma hora, que fizeram o líder do PSD mudar de ideias sobre o que aconteceu.
“Tudo isto está acabar de uma forma que eu acho muito lamentável”, comentou aos jornalistas, sem querer pedir de forma direta a demissão de Mário Centeno.
“Isso depende do primeiro-ministro. A continuação de um ministro do Governo só depende da vontade do primeiro-ministro”, começou por dizer para, perante a insistência dos jornalistas, acabar por afirmar que Centeno nunca teria lugar num Executivo liderado por si.
“Se eu fosse primeiro-ministro, o meu ministro das Finanças não era este”, admitiu, recusando qualquer comentário quer às críticas de que o Presidente tem sido alvo por parte de vários sociais-democratas quer ao papel que Marcelo desempenhou neste desfecho da polémica da CGD, que acaba com uma nota no site da Presidência na qual Rebelo de Sousa diz que “aceitou tal posição [de manutenção da confiança de Costa em Centeno], atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”.
“Eu não costumo fazer comentários sobre o que diz o Presidente da República”, limitou-se a responder Passos.