Saiu do PSD para criar um novo partido. Sente-se revigorado com a criação da Aliança?
Sim. Acho que para todos nós, independentemente da idade que tenhamos, é sempre muito fascinante começar coisas de novo. Eu sinto isso agora. É um desafio enorme juntar as pessoas e descobrir gente nova. Estou a trazer para a política imensa gente que nunca participou na vida política. Há pouco saiu daqui uma senhora, excelente quadro, é secretária-geral de uma boa organização, nunca participou [num partido político].
Prefere ir buscar apoiantes fora dos partidos?
Sim, juro que prefiro. Tenho pessoas que já saíram do CDS ou do PSD. Como é evidente, não tenho nada contra essas pessoas, agora, não fui eu que as desencaminhei, mas prefiro que venham pessoas que não são militantes de nenhum partido. Eu não quero nenhum estado de desagradabilidade ou de guerra com os partidos existentes. Será um grande contributo para o sistema democrático português. Não estou a exagerar. Em mil mensagens que recebo, 800, no mínimo, são de pessoas que não são militantes e a esmagadora maioria nunca teve intervenção política. O PSD já é antigo, o CDS também e há pessoas que querem entrar numa coisa que começa de novo.
Tem uma estrutura mais flexível do que os partidos tradicionais?
Isso é inegável. Até o dr. Rui Rio falou disso nas eleições diretas que disputámos os dois. As pessoas chegam às sedes dos partidos tradicionais e os partidos estão fechados sobre si próprios. Muitas vezes as estruturas rejeitam as pessoas, principalmente aquelas com mais valor. Conheço vários casos desses. Algumas dessas pessoas já vieram aqui ter. Um professor universitário na UBI [Universidade da Beira Interior] disse-me que uma vez foi a uma sede do PSD no Norte do país e pura simplesmente viu má cara em toda a gente. Vi isso no PSD. Com isto não estou a dizer mal do PSD, do CDS ou do PS.
A Aliança vai ser diferente?
O que eu noto muito é que algumas pessoas, que podem ter alguma simpatia por mim, talvez sintam que, pela primeira vez, têm uma ligação mais direta comigo. É muito engraçado. Porque mesmo quando eu liderei o PSD, quando liderei um grande partido, havia uma entidade intermédia que filtrava, que barrava, não é o mesmo contacto que eu tenho aqui com as pessoas agora.
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