Rui Rio vs. André Silva
O primeiro frente-a-frente da semana opôs o presidente do PSD ao porta-voz do PAN. E esta foi a discussão mais acesa, com Rui Rio a acusar André Silva de apresentar propostas «fundamentalistas» e, em resposta, o deputado do PAN a apontar ao líder do PSD a falta de medidas para o ambiente. A política ambiental foi, aliás, o tema central do debate de 35 minutos, transmitido pela RTP. O presidente do PSD arrancou o duelo a salientar que o PSD «corre noutro campeonato» e que a ideia que existe do PAN passa por um partido «muito aguerrido numa área, que é a defesa dos animais», faltando mais assunto. E, para Rui Rio, as propostas apresentadas pelo PAN sobre direitos dos animais são «fundamentalistas». O que torna «difícil» para o PSD encarar o PAN como um potencial parceiro de apoio a um eventual governo social-democrata. «Falar, falaríamos sempre. Depende muito das exigências. O PSD tem muitas tradições na área do ambiente, mas somos mais moderados. Seria difícil ser parceiro», assumiu Rui Rio. Em resposta, André Silva referiu várias vezes que o PSD «não tem uma única proposta para a proteção animal» e que falta aos sociais-democratas «uma estratégia sólida para a descarbonização da economia». Por isso, o parlamentar do PAN também referiu que os dois partidos não são incompatíveis – mas, salientou André Silva, «são muito diferentes».
António Costa vs. André Silva
Nas últimas semanas, foram vários os elogios trocados por António Costa e André Silva, que deu o pontapé de saída neste particular, ao afirmar não saber qual «o maior erro político de Costa» durante a legislatura a findar. Edaí o debate entre o líder do PS e o porta-voz do PAN, que não evidenciou grandes divergências, tenha decorrido num tom ameno, havendo mesmo uma aproximação entre os partidos no que toca a matérias orçamentais. Fora do debate ficou o cenário de um possível entendimento entre os dois partidos para a próxima legislatura. Os únicos temas que geraram divisões entre André Silva e António Costa foram a agricultura intensiva, o encerramento das centrais a carvão e os limites ao turismo. Apesar de reconhecer ao PS «uma evolução positiva» em políticas ambientais, a agricultura foi o tema que levou o PAN a tecer as críticas mais duras, com André Silva a acusar o Governo de seguir uma linha «predadora» com a exploração intensiva de olival no Alentejo. A crítica foi rejeitada em absoluto por António Costa, que – apesar de reconhecer «alguma concentração» de olival na zona de Alqueva – lembrou que atualmente o olival intensivo ocupa apenas 1,5% da área total do Alentejo. Além disso, o primeiro-ministro frisou que Portugal «não se pode dar ao luxo» de não aproveitar os seus recursos naturais.
Rui Rio vs. Jerónimo de Sousa
O debate entre Rui Rio e Jerónimo de Sousa foi morno, apesar das muitas divergências entre o PSD e o PCP. O primeira tema que dividiu os dois partidos foi a reposição das 35 horas na Função Pública. «Somos contra aquilo que este Governo fez», disse Rui Rio. Jerónimo aproveitou para reafirmar que esta medida deve ser alargada aos trabalhadores do privado. «A redução do horário de trabalho para todos seria um avanço civilizacional». Rui Rio concordou com o secretário-geral do PCP, mas não se compromete com a redução do horário de trabalho para o privado, porque o crescimento económico ainda não permite esta mudança. Rio e Jerónimo também discordaram no aumento do salário mínimo. OPCP defende o aumento para os 850 euros. OPSD defende um aumento para os 700 euros até ao final da legislatura. «É uma divergência histórica entre PSD e PCP», disse Rui Rio. s maiores diferenças entre os dois partidos sentiram-se na discussão sobre o Serviço Nacional de Saúde. Jerónimo acusou o PSD de encarar a saúde «como um negócio» e garantiu que a proposta dos sociais-democratas seria chumbada pelo Tribunal Constitucional porque «não há um sistema, mas um Serviço Nacional de Saúde». Rui Rio defende que o SNS tem de «continuar a ser público», mas não se pode fechar a porta aos privados. O debate terminou com Jerónimo a garantir que «há coisas que não repetíveis» quando questionado sobre o futuro da ‘geringonça’.