IL. Rui Rocha pressionado a fazer mudanças e obrigado a chegar a consensos

Novo líder ganhou com 51,7% dos votos, mas oposição captou 48,3%. E a lista para o Conselho Nacional apoiada por Rui Rocha não conseguiu a maioria. 

Rui Rocha, o novo líder da Iniciativa Liberal, prometeu uma “transformação rápida” para um partido que tem de estar “pronto”, garantindo ter ouvido com atenção as críticas dos militantes que foram feitas durante a campanha interna e durante a própria convenção realizada este fim de semana. Mas, ao que i apurou, a tarefa do novo líder da IL não será fácil e terá mesmo de levar a cabo essas mudanças. Isto porque Rui Rocha ganhou com 51,7% dos votos, enquanto as duas listas de oposição captaram 48,3% – Carla Castro com 44% e José Cardoso com 4,3%.

Também no Conselho Nacional – órgão responsável por acompanhar e orientar a estratégia política do partido – a lista de Mariana Leitão, a única alinhada com a anterior comissão executiva do partido e que contava com o apoio de Rui Rocha, conseguiu eleger 24 conselheiros de um total de 50, enquanto a do fundador Miguel Ferreira da Silva conseguiu 14. Ou seja, não obteve a maioria dos votos, o que levará à criação de consensos, nomeadamente com a lista T. Já que a lista B, liderada por Nuno Simões de Melo, apoiante da candidata derrotada Carla Castro, conseguiu apenas quatro mandatos. A lista D, liderada por Rui Malheiro, conseguiu quatro mandatos e a lista S, com Márcio Oliveira Santos a encabeçar, conseguiu também quatro mandatos. A par destes números há que contar ainda com algumas das moções aprovadas, entre elas a  moção de “maior transparência na IL”, de Pedro Simões, que se foca na questão da transparência interna do partido e que recebeu luz verde por parte dos militantes. Aliás, este foi um dos grandes temas de discussão durante a campanha interna.

Recorde-se que o primeiro presidente do partido apostou – e agora a segunda força política do Conselho Nacional – na “diversidade” e  no “pluralismo” como linhas orientadoras da sua  lista, defendendo que a IL foi fundada como “plataforma de participação para todos os liberais”, considerando que há condições para “construir uma nova forma de participação política: mais aberta, mais plural, mais participativa, mais liberal”.

Promessa de todos terem lugar O novo líder garantiu ainda que todos têm lugar nesta nova etapa no partido e, quanto à sua principal adversária, Carla Castro, assegurou que terá o mesmo papel que tem tido até agora. Um clima de paz agora pretendido que esteve bem longe disso durante a campanha interna. O i sabe que o ambiente de crispação entre os dois foi ganhando intensidade à medida que o dia das eleições se iam aproximando.

Aliás, a candidata teceu duras críticas durante a convenção, afirmando mesmo que queria um partido sem “barões e sem caciques” e onde “os membros são livres”. E já depois de saber que tinha sido derrotada defendeu que o seu resultado prova que a candidatura da sua lista “era precisa”.

“Acho que saímos daqui um partido mais forte, mais robusto, com mais ideias. O partido não vai voltar a ser o mesmo e tenho um orgulho enorme daquilo que  fizemos e agora como tinha dito estaríamos todos juntos porque a nossa luta é lá fora, é contra o Governo, o estado de estagnação do país e o país precisa dos liberais e das políticas liberais”, afirmou.

E apesar de terem estado de costas voltadas o discurso dos dois agora é contra o estado do país. Rui Rocha afirmou que Portugal não aguenta” mais pobreza e estagnação. “A IL é o único partido que assume que quer uma sociedade civil forte, uma reforma de Estado, liberdade de ser. Não admitimos outra coisa”, lamentando o estado em que a saúde e a educação estão nos dias de hoje.

 E acrescentou: “As batalhas lá fora são de um país estagnado, em que o salário de 56% está abaixo de mil euros, 65% se for entre os jovens”, começa, virando agora o discurso para o país e criticando a “asfixia” da burocracia ou ao despovoamento do país.

Na sua moção estratégica, o agora líder dizia acreditar que um cenário de eleições antecipadas pode ser uma realidade e que o partido tem de estar preparado, deixando algumas linhas estratégicas: “Somos liberais em toda a linha, rejeitamos populismos, afastamo-nos dos extremos e recusamos a instrumentalização do medo e da frustração para obter ganhos políticos”, traçando como objetivos eleitorais para os próximos dois anos eleger nas europeias, assim como nas eleições da Madeira e criar um grupo parlamentar nos Açores.

Também Carla Castro prometeu que a oposição não será interna. “A minha oposição, de uma forma muito clara, é ao Governo e ao estado de estagnação do país. Qualquer que fosse o resultado temos que estar unidos”. E em relação ao novo líder garantiu que  poderá contar consigo, afirmando que não tem “crispações” e que vai “continuar a trabalhar de forma construtiva e com soluções”.