Luís Montenegro e Rui Rocha deverão assinar um acordo autárquico entre o PSD e a Iniciativa Liberal, logo a seguir à convenção dos liberais, que se realiza nos dias 1 e 2 de fevereiro em Loures. Ao que o Nascer do SOL apurou, os dois líderes já conversaram sobre um entendimento para as eleições que se realizam em setembro/outubro deste ano. O objetivo é ensaiar entendimentos a nível local, que poderão, mais tarde, prolongar-se para um entendimento a nível nacional que Montenegro e Rui Rocha nunca esconderam desejar, num cenário em que as duas forças políticas tenham votos para formar uma maioria no Parlamento.
Na base do acordo a nível nacional que será assinado entre os dois partidos está a facilitação de entendimentos a nível local, nem sempre fáceis por causa do posicionamento das estruturas locais. Ao que soubemos, o acordo deixará margem para que alguns concelhos fiquem de fora, mas a ideia é que ele abranja as grandes autarquias como Lisboa e Porto, onde as conversas a nível local estão a enfrentar algumas dificuldades.
«Este é um acordo que interessa ao PSD porque combate a dispersão de votos à direita que necessariamente vai acontecer por causa das candidaturas do Chega e, por outro lado, interessa à Iniciativa Liberal, que está sobretudo interessada em eleger vereadores e deputados municipais», diz ao nosso jornal uma fonte conhecedora do processo.
Possíveis entraves ao acordo
Apesar de ser esta a vontade das lideranças, o entendimento terá de ser aprovado nos conselhos nacionais dos dois partidos e por isso é necessário aguardar pelo desfecho da Convenção Nacional da IL, em que Rui Rocha deverá ser reeleito para um segundo mandato à frente dos liberais. O atual líder não corre sozinho. Depois da desistência de Tiago Mayan Gonçalves como candidato da oposição interna, Rui Malheiro assumiu a liderança da oposição e vai a votos na Convenção de fevereiro.
À partida não se esperam novidades e Rui Rocha deverá manter-se à frente dos destinos do partido, mas caso não o consiga, ou não consiga uma maioria no conselho nacional, Rocha poderá enfrentar dificuldades em ter luz verde para assinar o acordo autárquico com o PSD. Em entrevista ao Nascer do SOL na edição de 3 de janeiro, a propósito de coligações autárquicas, Rui Malheiro deixou claro qual deve ser o critério a adotar: «Defendo o princípio da subsidariedade. Os núcleos devem decidir em cada região o melhor para a sua zona geográfica, sempre coordenados com a Comissão Executiva que, claramente, tem aqui um papel de adviser e que depois terá de ser aprovado por Conselho Nacional. Claro que depois da decisão tomada temos sempre uma preferência que é de correr em pista própria com os nossos candidatos a todas as candidaturas. Sei que é muito difícil, mas nas situações em que haja coligação tem de ser uma candidatura liberal».
Assim sendo, e caso não venha a ter maioria no Conselho Nacional que sair da Convenção Liberal, Rui Rocha não terá margem de manobra para assinar o acordo alinhado com Luís Montenegro. Ao que o nosso jornal apurou, as hipóteses de isso poder acontecer são escassas, já que desta vez não se espera uma eleição tão renhida como ocorreu no passado, quando Rui Rocha foi a votos com Carla Castro e venceu por uma unha negra.
Agora espera-se uma vitória muito mais folgada e, consequentemente, também uma vitória nos órgãos do partido, nomeadamente no Conselho Nacional, onde, além dos eleitos, têm também lugar outros membros da direção por inerência.
Apesar de não se esperarem contratempos, o acordo vai esperar pelo desfecho da reunião magna dos liberais e só depois verá a luz do dia.
PS e PSD têm
as escolhas feitas
As principais escolhas dos dois maiores partidos para as eleições autárquicas já estão feitas e serão anunciadas nos próximos dias e semanas. Depois do anúncio de Alexandra Leitão como candidata do PS_à Câmara de Lisboa, a grande incógnita continua a ser qual a escolha do PSD para a Câmara do Porto.
Ao que sabe o Nascer do SOL, tudo aponta para que a escolha final recaia sobre Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares e líder da distrital do Porto. A dúvida está na ponderação que o próprio estará ainda a fazer sobre aceitar ou não o desafio. José Pedro Aguiar Branco foi outro nome aventado pela direção social-democrata, mas o próprio rejeitou desde cedo essa possibilidade, uma decisão que foi vista com pena pelos dirigentes do partido, «porque venceria facilmente as eleições e porque evitava que o governo perdesse um bom ministro», diz-nos fonte interna.
A par da Câmara do Porto, também a decisão sobre a Câmara de Sintra tem particular importância para as direções dos dois partidos. Basílio Horta é o independente que tem assegurado para os socialistas a liderança da terceira maior autarquia do país. A terminar o terceiro mandato, foi o próprio autarca que veio recentemente criticar o atraso do PS_em anunciar o candidato/a a Sintra, alertando que seria um desastre perder a liderança da autarquia. António Mendonça Mendes deverá ser a escolha de Pedro Nuno Santos, uma vez que Mariana Vieira da Silva, o outro nome possível, já se colocou de fora de qualquer candidatura autárquica.
Do lado social-democrata, ao que apurámos, a escolha já está fechada e recai sobre Marco Almeida, um repetente na corrida à liderança da autarquia, primeiro pelo PSD e, nas últimas autárquicas, como independente. Das duas vezes o resultado obtido não envergonhou, razão pela qual a direção do PSD_não teve dúvidas na escolha. O partido acredita que se trata de uma aposta forte que garantirá a conquista da autarquia há doze anos governada pelos socialistas.
Moedas contente com a escolha de Alexandra Leitão
O anúncio de que Alexandra Leitão é a candidata que vai desafiar Moedas nas autárquicas em Lisboa deixou o autarca da capital satisfeito. De acordo com fontes próximas de Moedas, a imagem mais radicalizada à esquerda da atual líder parlamentar dos socialistas, ajuda o Presidente da Câmara a projetar uma imagem de moderação em que Moedas se sente mais confortável.
«A partir do momento em que se sabe quem vai estar do lado de lá, é mais fácil construir uma narrativa de campanha, que, do lado de cá será o mais retardada possível». A afirmação é de um autarca de Lisboa que garante que Carlos Moedas quer estar de braços livres para poder exercer as suas funções como Presidente da Cãmara sem acusações de que está a fazer campanha e as inaugurações não vão faltar.