Ventura diz que discurso "falhou no essencial"
O primeiro deputado a reagir ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa foi André Ventura do Chega, que se mostrou satisfeito com o discurso do Presidente da República, nomeadamente por não ter apelado a “revisionismos”, e por ter referido assuntos como a história colonial do país, procurando um “consenso histórico” e não o tal “revisionismo”.
Ainda assim, André Ventura criticou Marcelo Rebelo de Sousa por não “confrontar a AR e o Governo” com temas como os apoios sociais e o crescimento do país, o que levou o deputado único do Chega a considerar que o discurso "falhou no essencial”. Recorde-se que, findado o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, André Ventura foi o único diputado presente que não aplaudiu as palavras do Presidente da República.
Verdes apontam dedo a Marcelo por não referir apoios sociais
Nas reações do PEV, o líder parlamentar José Luís Ferreira salientou que Marcelo Rebelo de Sousa não proferiu “nem uma palavra sobre apoios sociais”, “as famílias que têm feito um esforço grande para que o orçamento familiar estique” ou “graves problemas” na saúde e na justiça, acabando por destacar o discurso do Presidente da República por "aquilo que não foi dito".
Bloco saúda importância da História colonial
Catarina Martins reagiu também ao discurso do Presidente da República, salientando a importância da afirmação clara “que a História de Portugal não pode ser vista como um desfile de heróis, mas pensada tendo em conta as vítimas”. “Esta ideia de que quem foi oprimido tem de ser ouvido e ter lugar na História é importante e desse ponto de vista a sessão solene é importante”, acrescentou ainda a dirigente bloquista, que aproveitou para defender que “a história tem de ser debatida”, já que “é contraditória e tem de dar voz e visibilidade aos que foram oprimidos e aos que sofrem”.
Catarina Martins aproveitou ainda para saudar o discurso inicial do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, por ter tocado os assuntos da corrupção e da justiça, defendendo o BE que deve ser tomada uma forte posição sobre temas como os “offshores” – que fizeram parte da sessão solene – e o combate à corrupção, bem como a criminalização do enriquecimento injustificado, para o qual a dirigente bloquista defendeu que é preciso haver “instrumentos muito concretos”.
Cotrim Figueiredo reitera participação nas celebrações do 25 de Abril
João Cotrim Figueiredo elogiou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, saudando que o tenha feito “revisitando o passado, numa perspetiva de tentar interpretar aquilo que se está a passar e que se pode vir a passar” e vincou, em relação aos discursos das forças políticas na sessão solene, que "há quem esteja agarrado ao passado e outros que preferem olhar para o futuro”. O deputado único da Iniciativa Liberal aproveitou ainda para reforçar a posição do partido relativamente às celebrações da tarde deste domingo, em que, apesar de não ter sido incluido na organização do evento da Associação 25 de Abril, a Iniciativa Liberal vai “comemorar de facto o 25 de Abril”, defendendo não admitir “que ninguém se aproprie da data”.
Rio defende estar aberto a reformas estruturais
Rui Rio reagiu aos discursos da sessão solene, garantindo estar disponível para decisões que tornem o sistema político “credível”. O líder do PSD referiu “palavras gastas” nos discursos do 25 de Abril, cuja celebração, defende, é “acima de tudo apontar as fragilidades da democracia”. O partido, defende, tem abertura a novas decisões políticas, “e tem toda a vontade de fazer as reformas estruturais para credibilizar o regime”. Ainda assim, Rio lamenta estar “um bocado sozinho nisto”. “Tenho muita crítica por estar disponível por colaborar com os meus adversários”, lamenta, desvalorizando a “história do bloco central”.
Rui Rio elogiou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, por ser “pedagógico, didáctico e sobre a forma como se chegou até aqui”.
Sobre a proposta de criminalização do enriquecimento ilícito, o líder do PSD não se mostrou contra, sempre e quando haja um aperfeiçoamento “dentro da constiutição”. Aliás, Rio recorda que “o que os juízes propõem é um ajustamento ao que já existe, e dentro do quadro constitucional”, mas o social-democrata aponta mais alto, argumentando “que este assunto é um pormenor que toma conta do debate político e parece que tudo fica resolvido com isso”, acusando a “degradação” do sistema judicial.
PCP saúda valorização dos capitães de Abril
Jerónimo de Sousa destacou “a valorização que o Presidente da República faz dos capitães de Abril, do Movimento das Forças Armadas”, frisando que este discurso vai ao encontro do de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, em relação “à democracia, à liberdade e ao crescendo de pressão daqueles que não amaram nem nunca amaram o 25 de Abril, que nunca quiseram o 25 de Abril, que procuram descaracterizar os valores de Abril, pensando um regresso ao passado, que o povo português nunca permitirá”. Também é de lembrar que a deputada Alma Rivera, do PCP, recordou as conquistas de abril – como os direitos laborais ou a redução da mortalidade infantil – e não deixou de esclarecer que “todos os cidadãos são iguais perante a lei” e “ninguém pode ser discriminado perante a lei”. “Quando hoje nos levantamos e nos indignamos é porque Abril o permitiu”, explicou.
CDS justifica cravo branco
“O 25 de Abril também se fez para não sermos todos vermelhos” e “é preciso libertar Portugal da hegemonia socialista” foram as primeiras frases da intervenção de Francisco Rodrigues dos Santos, líder centrista, que também alertou que o país “necessita de respeitar o valor da liberdade, um valor que não tem proprietários”, na medida em que “o 25 de Abril tem autores, não tem proprietários, não tem carga ideológica”. Relativamente ao discurso do presidente da República, o dirigente frisou a “necessidade de combatermos a corrupção”, os “jovens” e a “necessidade de respeitarmos a nossa cultura, sem revisionismos históricos”. “Não podemos olhar a história com os óculos de hoje”, explicitou.
Ana Catarina Mendes realçou importância do Parlamento na democracia
Já Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, começou por realçar que “em democracia, cabem todos, todas as opiniões, todos os estratos sociais, todos fazem parte do mesmo Portugal e todos devem respeitar-se”. Por outro lado, não esqueceu a posição de Ferro Rodrigues, declarando que “se vivemos em democracia, ela exprime-se em particular no Parlamento, nos vários partidos, dos mais democráticos aos menos democráticos”, mas a democracia é também um “projeto inacabado”. Aludindo à mensagem do deputado Alexandre Quintanilha, sobre a importância do conhecimento, seguiu para a análise da proposta de Rui Rio para a reforma da justiça, rematando que “convém saber que reforma PSD pede”. Sublinhando o legado de Salgado Zenha, Almeida Santos ou António Costa, insistiu que o PS é um partido que sempre lutou por um melhor funcionamento da justiça. À sua vez, ainda que não se tenha referido diretamente a temas como o da justiça ou da corrupção, na sua intervenção, Quintanilha avançou que “somos agora milhões a exigir a igualdade”, finalizando que “deixámos de estar na cauda dos países da OCDE e ultrapassámos a média de praticamente todos os indicadores de desenvolvimento”.
Cristina Rodrigues fala em "censura"
A deputada não inscrita Cristina Rodrigues, ex-PAN, marcou também presença na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República com um protesto, defendendo que, apesar de ter dirigido "um requerimento à AR para poder falar”, não lhe foi permitida a participação no evento. Como tal, a deputada queixa-se do aparente "benefício" do Parlamento aos grupos parlamentares, e mostrou o seu descontentamento utilizando uma t-shirt onde se pode ler a palavra "censura".