Marta Temido e o Governo foram alvo de muitas críticas sobre as medidas anunciadas para resolver o encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia. PSD, Chega, Iniciativa Liberal e PCP apontaram os vários defeitos e falhas do Executivo, ao passo que o PS acusou os partidos de quererem “deitar abaixo a ministra” da Saúde.
Num debate de urgência que decorreu esta sexta-feira, no Parlamento, a pedido do Chega, o deputado do PSD Rui Cristina afirmou que o “Governo acordou agora para a crise nas urgências, mas acordou muito tarde”.
Na ótica do social-democrata, o PS "não pode negar as suas enormes responsabilidades pela grave situação em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde [SNS]", que está "abandonado à sua sorte, sem uma única reforma estrutural nos últimos sete anos".
Rui Cristina defendeu que esta situação poderia ter sido evitada, ao notar que o plano de contingência apresentado por Marta Temido "não resolve problemas nenhuns" e "mais não parece do que um exercício de má-fé".
"O PS tem maioria absoluta, o que quer dizer que não tem desculpa para não fazer reformas", vincou.
Já André Ventura, líder do Chega, indicou que o país não precisa de "planos de contingência que de contingência não têm nada e que soluções não apresentam nenhumas".
Para João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, esta situação nas urgências de ginecologia e obstetrícia "é um colapso do SNS" e "tem um responsável": o primeiro-ministro, António Costa.
Nas palavras do liberal, o plano anunciado pelo Executivo "não é mais do que um penso rápido para tratar qualquer fratura exposta”, frisando que o SNS "tem que ser profundamente reformado".
Do outro lado da bancada, o deputado do PCP João Dias apontou a “desvalorização dos profissionais de saúde" com uma das principais causas da atual situação do SNS, ao considerar que o plano de contingência não tem a capacidade “imediata” de responder ao problema, com exceção da questão da remuneração dos médicos nas urgências.
Já Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, defendeu ser inaceitável que "um tarefeiro, numas urgências de um hospital, ganhe num turno de 24 horas o mesmo que um profissional contratado pelo SNS ganha num mês de trabalho", ao justificar com o mandato da atual ministra que aumentou o investimento e o recurso aos privados.
A única deputada do PAN, a sua líder Inês Sousa Real, criticou o Governo por andar "a correr atrás do prejuízo" e alertou que esta situação pode ser a "ponta do icebergue".
Para o também único deputado do Livre, Rui Tavares, o Executivo deve olhar para "o que talvez não tenha sido feito durante a pandemia e que é possível fazer num curto e médio prazo para resolver os problemas" atuais.
Na vez do PS, o deputado Luís Soares disse que o que "está subjacente ao debate de hoje não é a preocupação com os portugueses nem com o SNS, é a preocupação de deitar abaixo uma ministra", ao afirmar que "só há um partido que identificou os problemas e as soluções [no seu programa eleitoral], esse partido foi o PS".
Antes de Luís Soares, o colega e deputado socialista Jorge Botelho mencionou os "fechos pontuais de urgências de ginecologia e obstetrícia em vários hospitais do país", ao indicar que "nestes últimos dias o SNS teve muitas outras atividades, programadas ou não, nas urgências".
Do seu ponto de vista, "é preciso tomar medidas de imediato" para evitar situações trágicas como a morte do bebé no Hospital das Caldas da Rainha se repitam novamente, bem como "continuar a investir" no SNS, "melhorar as condições de trabalho no SNS" e avançar com o "regime de dedicação plena dos profissionais".
Segundo o plano de contingência apresentado pela governante, até setembro, será criada uma comissão para acompanhar a resposta das urgências de ginecologia e obstetrícia e bloco de partos dos hospitais, assim como serão abertas cerca de 1.600 vagas para médicos recém-especialistas e também avançarão com a atualização salarial para clínicos em serviço de urgência.
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