TAP. André Ventura diz que “há uma nuvem de suspeição sobre várias audições do passado”

O grupo Parlamentar do Chega deu hoje entrada com questões dirigidas aos vários ministros para perceber se existiram, ou não, reuniões preparatórias entre as entidades ouvidas no Parlamento, nesta legislatura. Para além disso, solicitou uma audiência com o Presidente da Assembleia da República com carácter de urgência.

"Temos de aprofundar as normas de ética do funcionamento parlamentar. Estas reuniões preparatórias sao inadmissíveis. Se necessário, colocar isto no código de conduta dos deputados", começa por asseverar André Ventura, em declarações ao Nascer do SOL, referindo-se à "teia de mentira e manipulação, de cumplicidade, facilitismo e promiscuidade" vivida no âmbito da reunião, realizada na véspera da audição de Christine Ourmières-Widener sobre a TAP, na qual estiveram presentes além da própria, deputados do PS e membros de gabinetes do Governo.

"Não temos nenhuma informação com o detalhe que gostaríamos, mas há, neste momento, uma nuvem de suspeição sobre várias audições do passado e queremos que o governo seja obrigado a esclarecer isso", salienta o dirigente político, adiantando que as perguntas endereçadas aos diferentes ministérios incidem na tentativa de percecionar "se planearam e organizaram reuniões com carácter de planeamento e instrução". É de lembrar que o convite para a reunião via Teams partiu do Ministério dos Assuntos Parlamentares, que veio esclarecer que a mesma serviu apenas de ponte entre o grupo parlamentar do Partido Socialista e as Infraestruturas.

"A CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na sua recente audição, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, fez várias declarações surpreendentes. Entre outras, confirmou que esteve presente numa reunião convocada pelo ministro João Galamba, que decorreu no dia anterior à audição da CEO da TAP na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, a pedido do CHEGA, sobre a indemnização à ex-administradora da TAP, Alexandra Reis, tendo estado presente o deputado e coordenador do Grupo Parlamentar do PS na Comissão de Inquérito à TAP, Carlos Pereira, membros do Ministério da Infraestruturas, que tutela a TAP, e do Ministério dos Assuntos Parlamentares, com vista a ‘preparar’ a audição de Christine Ourmières-Widener, que aconteceria no dia seguinte", lê-se na carta enviada a Augusto Santos Silva, sendo que é avançado que "surgiram diversas explicações, não só por parte dos envolvidos, mas também de outros dirigentes do Partido Socialista, que desvalorizaram esta reunião, dizendo que é normal haver reuniões entre os partidos políticos e as entidades que bem entendem".

Importa recordar que o PSD solicitou, também esta terça-feira, a audição urgente do ministro das Infraestruturas, João Galamba, na comissão de inquérito à TAP. O grupo parlamentar do PSD entende que "é urgente a audição do ministro João Galamba", requerendo, assim, "formalmente a sua convocatória prioritária", lê-se no pedido endereçado ao presidente da comissão de inquérito, Jorge Seguro Sanches.

À sua vez, no fim de uma visita à multinacional sul-coreana SK Hynix, questionado sobre as consequências políticas do caso TAP, António Costa respondeu: "As consequências políticas tiraremos em função dos resultados. (…) Cada órgão de soberania deve ter o seu tempo próprio. Neste momento, o tempo é o da Assembleia da República. Devemos respeitar um trabalho que está a ser desenvolvido". “No final, vai tirar as conclusões. Em função disso, nós agiremos em conformidade", acrescentou. Há aproximadamente uma semana, Costa havia declarado que que quer que seja revelada "toda a verdade e doa a quem doer".