Está em curso o processo de mudança de nome da Fundação Mário Soares (FMS): em breve, passará a chamar-se Fundação Maria Barroso e Mário Soares, prestando assim homenagem à antiga primeira dama, falecida em 2015, aos 90 anos.
O poema de Camilo Pessanha sobre a efemeridade e fragilidade da condição humana era um dos preferidos de Maria Barroso e tornou-se viral esta quarta-feira, o dia em que Portugal se despede da antiga primeira-dama. O SOL republica-o:
A partir de 10 de Julho, o SOL volta a publicar as memórias de Maria Barroso, que já incluem os três últimos fascículos. A colecção compõe-se de 18 volumes, distribuídos em dois grandes grupos : Cartas a Mário Soares e Álbum de Memórias.
As exéquias da ex-deputada Maria Barroso Soares, falecida na passada terça-feira, realizam-se hoje de manhã, com a urna a sair do Colégio Moderno, em direção à igreja dos Santos Reis Magos, no Campo Grande, em Lisboa.
Maria de Jesus Simões Barroso nasceu a 2 de Maio de 1925 na Fuzeta (Olhão), numa fase de reacendimento da tensão política no país.
Lembro-me de, com uns três ou quatro anos, me porem uma cadeirinha à janela. Gostava de ver passar as pessoas, é uma das primeiras memórias que guardo. Parece que ainda vejo a janela… Eu não era uma criança muito extrovertida, pelo contrário. Mas gostava de observar as pessoas, ouvi-las falar, vê-las mexer. Não sei porquê,…
Se lia e decorava poemas, Maria Barroso mantinha o passatempo predilecto a salvo da curiosidade da família. No reverso dessa timidez, porém, nunca se coibiu de dar azo a outra característica que fazia antever qualidades teatrais. «Eu era muito tímida, mas lá em casa gostava de fazer partidas, sobretudo de me mascarar e encarnar personagens.…
Na Faculdade de Letras de Lisboa, apesar do pouco tempo que as suas obrigações com o teatro e o estudo lhe permitiam despender, Maria Barroso viveu intensamente o ano lectivo de 1945/46 junto da pequena minoria de colegas politicamente comprometidos: «Alguns que depois até se meteram na política, e cujos nomes não digo, não se…
Naquela tarde de Outono em que viu interrompida a carreira que tantos sacrifícios lhe exigira, Maria Barroso saiu do Teatro Nacional com uma tristeza serena. Como em vários outros momentos da sua vida, a revolta que ‘faz reagir’ haveria de prevalecer sobre o desgosto que ‘faz quebrar’:
Se 1960 fora um ano desafiante, 1961 veio mesmo a ficar na história como um annus horribilis para o regime. Na madrugada de 22 de Janeiro, tinha início o célebre assalto, concebido por Henrique Galvão, ao paquete Santa Maria. A 28 desse mês, era entregue ao Chefe do Estado, Américo Thomaz, o Programa para a…
A sobrevivência de um regime com muitos telhados de vidro dependia, cada vez mais, da eficácia dos mecanismos repressivos para amordaçar meios de comunicação social e cidadão incómodos. Foi o que, uma vez mais, se constatou nas derradeiras semanas de 1967, quando alguns dos seus mais altos dignatários e várias figuras de proa da sociedade…
Ao olhar restropectivamente para aquele que foi um dos períodos mais negros da sua vida – se não mesmo o mais negro –, Maria Barroso sintetiza assim o annus horribilis de 1970, pródigo em desgostos profundos e desafios complexos que testaram até ao limite a sua capacidade de resistência: «Foi um ano para esquecer –…
Nove de Março de 1986. Mário Soares torna-se oficialmente o primeiro civil a ocupar a Presidência da República Portuguesa depois da revolução de 25 de Abril, sucedendo ao general António Ramalho Eanes. No mesmo dia, Maria Barroso torna-se primeira-dama. E as dúvidas surgem logo aí: o que é isso, afinal, de ser primeira-dama? O cargo…
O primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, expressou hoje “profunda admiração” e “uma tristeza muito grande” pelo falecimento de Maria Barroso, que lembrou como “uma pessoa extraordinária”, de “intervenção cívica e política única”.
O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, prestou hoje homenagem, em nome do executivo açoriano, a Maria Barroso, enaltecendo as suas “qualidades cívicas e pessoais” e a forma como dignificou “a vida nacional” e Portugal.
Em apenas cinco dias, inaugurou uma exposição de fotografia, assistiu durante dois dias a um colóquio internacional sobre política, trabalhou na sua fundação e foi à festa do Colégio Moderno. Nos últimos anos, Maria de Jesus Barroso tinha tantas actividades e causas como quando era primeira-dama. A sua intensa agenda aos 90 anos só foi…
O antigo primeiro-ministro Durão Barroso afirmou hoje que, com a morte de Maria Barroso, “Portugal perdeu uma Senhora”, recordando o seu percurso de vida na luta pelos valores da liberdade e da democracia.
O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, lembrou hoje que Portugal “perdeu uma das vozes da tolerância, do humanismo e da luta pela liberdade”, numa missiva de condolências pela morte de Maria Barroso.